“Tempo é dinheiro”
Certamente já ouviu isso. Quem sabe você já tenha dito isso. Confesso, eu mesmo, já ter dito isso.
Em um certo quarto havia uma cadeira. Não qualquer cadeira, mas uma cadeira renomada no mundo dos móveis, mais que as cadeiras da mesa de jantar. Ela nunca havia experimentado a solidão. De dia, a porta do quarto se abria e logo seu assento era aquecido; e permanecia assim durante um tempo, às vezes, até dois tempos. Havia dias em que a luz ficava acesa até altas horas, já em outros usava-se também os raios solares – considerados invasores pelo quarto – juntamente à luz do teto.
Havia um relógio bem acima da janela, e assim ele soava, de dia e de noite: tic, tac, tic, tac, tic, tac – “amanhã eu continuo”. Logo a cadeira era deixada a girar sobre o próprio eixo e a porta era fechada à batidas.
Mas o relógio costumava fazer esse mesmo som em todos os lugares, não apenas no tal quarto. Na hora de dormir fazia “tic tac”, na hora de comer fazia “tic tac”, na hora de carpir fazia “tic tac”, na hora de amar fazia “tic tac”, na hora de cuidar do filho fazia “tic tac”, na igreja fazia “tic tac”, até mesmo na hora de ver o pôr do sol, lá estava o relógio no céu com seu “tic” e seu “tac”.
Um terreno aqui, um carro ali, uma casa lá e muito trabalho a fazer. Quanto mais tinha, mais fazia; quanto mais fazia, mais tinha e assim sucessivamente. Mãos doloridas, mente inquieta e corpo cansado, mas o tempo estava passando e seu pulso o ajudava a lembrar-se disso. O fim de seus dias eram de muita alegria, pois no amanhã teria de fazer mais. Sua família tinha tudo o que precisava e o que não necessariamente era importante, mas certamente nada faltava.
Até que um dia todos os relógios pararam. Desta vez a cadeira ficou só e o espelho do banheiro se assustou com o que viu. O travesseiro se encheu de lágrimas e a noite foi escura, pois não havia mais o que fazer no amanhã. Nunca teve tempo de apreciar as belezas da natureza, de estar com os que o amam, de estar com Deus e nem de estar consigo mesmo.
Não há problema algum no esforço e dedicação para alcançar seus objetivos, menos ainda em obter dinheiro. O ponto é: tempo é dinheiro?
Se tempo é dinheiro, logo não vale nada; pois o que é o dinheiro, senão um meio para algo? Ora, pode-se obter alimentos, vestimentas, medicina e psicologia, ajudar aos que necessitam; ou este pode ser somente um meio para o prazer, o qual sempre se precisa de mais, do qual nunca se está satisfeito.
Se o dinheiro é nossa forma de evitar os confrontos com o existência, sim, pode-se dizer que tempo é dinheiro. Mas qual seria a finalidade por trás de buscá-lo incessantemente?
Ao despontar da tarde, o dinheiro não é o suficiente para dar sentido à vida. O tempo certamente não é dinheiro.
O que é o tempo para você?
Ivan Coimbra Volcov
Psicólogo
CRP – 06/208733
Contato: (18) 99732-5441
Comentários (4)
Essa é uma questão que sempre importunou a mente humana. Quem não conhece pessoas bem sucedidas, especialistas em gestão, que perdem bens preciosos como a saúde ou a própria família por não saber administrar a relação tempo/trabalho.
Em contra partida, outros que preferem viver só o hoje, sem pensar no tempo que ainda está por vir.
Como saber quem está certo?
Prefiro recorrer à sabedoria do homem mais sábio que já pisou nessa terra. Ele disse:
“Há tempo pra tudo debaixo do sol”
E também:
“Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas nunca ficará satisfeito com o que ganha”.
E o que passar disso, é tudo vaidade!!!
Perfeito!! O dinheiro é um meio é não um fim. Qdo consideramos como um meio, dessa forma a vida tem mais sentido.
Tempo não é dinheiro, tempo é oportunidade.
Gostei muito do texto. O tempo nos faz refletir sobre a importância das coisas, entre elas, o dinheiro.