Polícia Civil investiga autoria de disparos de tiros contra acampamento de trabalhadores rurais sem-terra em Venceslau
A Polícia Civil investiga a autoria de disparos de tiros feitos contra um acampamento onde vivem cerca de 40 famílias ligadas à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) e ao Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast), em Presidente Venceslau (SP), na região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo.
Os trabalhadores rurais sem-terra montaram os barracos de lona e madeira às margens de uma estrada municipal de terra, na zona rural, em um trecho próximo ao km 102 da Rodovia General Euclides Figueiredo (SP-563), a Rodovia da Integração.
Um vídeo gravado neste domingo (17) no local, durante a madrugada, mostra o barulho de um estampido e, em seguida, um veículo distanciando-se do acampamento.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, os trabalhadores rurais sem-terra informaram que ouviram o disparo e acionaram a Polícia Militar. Quando a PM chegou ao acampamento, encontrou uma munição de calibre 9mm deflagrada. No entanto, ninguém foi visto.
Ainda conforme informações do registro policial, os ocupantes dos barracos declararam que, em outra ocasião, também foram ouvidos disparos de tiros para cima no acampamento, mas que não viram ninguém, no dia 26 de setembro.
No último sábado (16), os sem-terra contaram à polícia que viram dois homens em uma caminhonete, mas, que neste dia, não foi feito nenhum disparo. Eles anotaram a placa do veículo e repassaram a informação aos policiais.
Os casos vão ser apurados pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
Dois boletins foram registrados sobre os casos, ambos como disparo de arma de fogo de autoria desconhecida.
Ao g1, o dirigente nacional da FNL, Luciano de Lima, explicou que o grupo atua em conjunto com o Mast em “cooperação de trabalho” e em uma “aliança na luta” pela destinação de terras para a criação de assentamentos de trabalhadores rurais no Pontal do Paranapanema.
No último sábado (16), a FNL ocupou três fazendas nas cidades de Mirante do Paranapanema (SP), Rosana (SP) e Sandovalina (SP).
No início de outubro, a FNL entregou à Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) um documento, assinado por 2.214 pessoas, com as reivindicações de 10 acampamentos instalados no Pontal do Paranapanema. Segundo o movimento social, as famílias que aguardam a regulamentação fundiária de terras públicas também demandam que o governo paulista se posicione neste impasse, a fim de que a reforma agrária seja realizada de acordo com uma lei estadual de 1985.
O Itesp informou que, por meio da sua Assessoria de Mediação de Conflitos, está ciente das ocupações e acompanha os casos.
Já o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) alegou que “a destinação de terras públicas estaduais para reforma agrária – no caso, as terras devolutas do Pontal do Paranapanema – cabe ao Itesp”.
“O Itesp possuía convênio com o Incra para reversão de terras públicas estaduais, porém esse convênio não está mais em vigor”, pontuou o órgão federal.
Fonte G1
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