“O tempo cura tudo”.


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“O tempo cura tudo”.

Nas ruas de Santo Anastácio me deparei com a seguinte frase:

Sendo uma pichação, tentei levá-la para além da transgressão.

Vamos compreendê-la à luz de uma anedota, juntamente à indignação de seu autor:

          Certa menina perdeu sua irmã muito cedo. Era muito delicada e chorosa, amava brincar no parque com seus amigos. Como de costume, é evidente que, em algum momento, a criança viesse a se ferir. Caindo do balanço, viu-se com os joelhos vermelhinhos e logo começou a chorar. Seus fiéis escudeiros levaram-na para sua casa, à sua família.

          O pai, paciente e preocupado com a garota, tenta acalmá-la enquanto vê seus pequenos joelhos de sangue:

          — Filha, calma; filha, calma. Dói mesmo, mas logo passa. Vou passar um remedinho e você já já fica boa.

          Enquanto as lágrimas molhavam suas roupas, o pai passava a mão em seu cabelo sujo de terra e fazia o curativo em seu machucado.

          No outro dia, a menina sente muita dor e pede a ajuda do pai:

          — Papai, está doendo muito. Passa mais remédio para eu sarar?

          Compadecido da filha, fez a troca do curativo, pois viu que a ferida era funda. Deu um beijo e disse que logo ia sarar.

          Passando mais uns dias, a menina que há um tempo já não ia ao parquinho, novamente pergunta ao pai:

          — Papai, parece que isso não vai sarar mais. Tem como trocar o curativo?

          — Mas, filha, não tem mais o que fazer, você terá que ser paciente e esperar curar.

          A filha olha para o pai com os olhos cheios de lágrimas e pergunta:

          — Mas, papai, não importa quanto tempo passe, sempre dói, todos os dias.

          Pode ser que o tempo “cure” feridas (como as da menina) e doenças, mas o que o tempo faz quando não vemos mais saída do sofrimento? Seja um ente querido, um pai ou mãe, um amigo que se foi, seja um casamento ou relacionamento falido, seja uma injustiça sofrida, seja dívida financeira, seja a mágoa, seja a solidão ou o sucesso sem sentido: o que o tempo faz nesses casos?

                    Não importa quanto tempo passe, ele não é responsável pela cura de nossa dor, mas nós somos. E tenha esperança, pois isso é possível.

          Há quanto tempo você está esperando?

Ivan Coimbra Volcov

Psicólogo

CRP – 06/208733

Contato: (18) 99732-5441

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Comentários (3)

  • Geslaine Bezerra Coimbra Responder

    Realmente, a dor das perdas podem mudar, mas os gatilhos não se curam sozinhos…

    setembro 26, 2024 em 3:56 pm
  • Luana Responder

    O tempo em si é só tempo. Não tinha parado para pensar nisso. Excelente reflexão!

    setembro 27, 2024 em 10:38 pm
  • ANDRE LUIS GOMES DE LIMA Responder

    Muito bom o texto, que me fez refletir sobre um fato interessante.
    Minha esposa, assim como meu amigo Cisão são do signo de Escorpião, não que eu seja adepto da Astrologia, mas eles tem uma característica em comum:
    Vivem se lembrando de fatos ruins que aconteceram, como se aquele momento nunca pudesse ser esquecido!!!
    Isso me leva a pensar se o autor da pichação não teria uma certa razão.
    Por outro lado, para outros, o tempo é um santo remédio, pois tem a capacidade de aliviar a dor e curar as feridas.
    Quem é certo ou errado não sei dizer, apenas sei que “o que serve pra uns pode ser a angústia de outros”.

    setembro 27, 2024 em 11:00 pm

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