“Nascemos de novo”, diz Babu, vereador prudentino que sobreviveu à tragédia em Regente Feijó
Luís César Saito Santos bateu cabeça em treliça quando engatinhava com esposa para sair dos escombros de estrutura que veio abaixo com força do vento
“Nós nascemos de novo. As imagens ficam na cabeça e toda vez que penso no que passamos, me emociono”. As palavras são de Luís César Saito Santos, o vereador de Presidente Prudente “Babu da Cohab” (PP), sobre a experiência que viveu na madrugada deste domingo, quando uma tragédia ocorreu durante uma festa de estudantes de Medicina, no Aeropark, em Regente Feijó. Ele chegou a bater a cabeça em uma treliça enquanto engatinhava sob os escombros da estrutura que cedeu sobre cerca de 2 mil pessoas que participavam do evento. Felizmente, está fisicamente recuperado e já se encontrava em seu gabinete na Casa Legislativa na manhã desta segunda-feira.
Ele foi à festa acompanhado da esposa e de um amigo, para celebrar a “Meio Doutor – Turma 56”, festa que marca a chegada dos estudantes à metade do curso de Medicina, do qual seu filho está entre os alunos. “Falei para minha esposa: essas poderiam ser as nossas últimas fotos”, conta, sobre os registros feitos pela família durante o evento. “Meu filho faz parte da comissão organizadora. Na sexta-feira ele chegou a me ligar para falar das licenças e chegamos a constatação de que estava tudo certo. Para quem é de fora é fácil falar, criticar, mas estava tudo regular, não havia nenhum problema”, conta Babu.
Ele explica que, no local do evento havia uma tenda que cobria a maior parte do espaço, a qual ficava sobre um palco, uma pista de dança e parte do camarote, onde ficavam os pais dos universitários. Foi essa tenda, com toda sua estrutura metálica, que veio abaixo com a força dos ventos, que chegaram a 95 km/h, acompanhada de chuva intensa.
“Quando começou a chover, passamos para a parte coberta do camarote, mas como a intensificação do vento, resolvemos sair. Minha esposa, meu amigo e eu passamos a entrada da pista e tudo começou a ceder. Gritei para abaixarem e fomos engatinhando pelo chão até conseguir sair dali. Dali falei para eles irem para o carro e corri para procurar meu filho”, recorda o vereador.
“Um segurança tentou me impedir de voltar, mas insisti que precisava procurar meu filho. Neste meio tempo, bati a cabeça em uma treliça, mas na hora não senti nada. Foi então que, em cinco minutos, o vento parou, mas a chuva persistiu. Achei meu filho e a namorada e só ouvia muita gente gritando em busca de familiares. Pessoas ensanguentadas e até seguranças tentando segurar a estrutura metálica. Tudo isso na tentativa de salvar aquelas pessoas”, ainda relembra Babu, que imediatamente passou a ligar para os serviços de emergência.
O parlamentar revela que somente após deixar o local da festa pôde sentir que a cabeça estava latejando. Ele chegou a ir até a Santa Casa de Misericórdia de Prudente, que estava lotada após receber 21 feridos no evento, e decidiu voltar para casa. “Descansei, mas acordava revivendo a cena. Minha esposa e meu filho também ficaram muito abalados. Mas, não como vereador, mas como pai de aluno mesmo, pude presenciar que o serviço de socorro foi 100%”, menciona.
“Todo mundo se comoveu e se uniu para salvar as pessoas que ali estavam. Poderia ter sido uma tragédia maior, pois eram mais de 2 mil pessoas embaixo daquela estrutura. Mas, o 192 [Same – Serviço de Atendimento Móvel de Emergência], Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, ambulâncias municipais de Regente e Tarabai, todos foram essenciais e prestaram um excelente serviço, fazendo o que fosse possível”, salienta Babu.
Vítima fatal
O vereador conta que, ainda na festa, percebeu que Marcelo Giglio de Souza, 47 anos, a única vítima fatal da tragédia, o qual ele conhecia, tinha conseguido correr para fora dos escombros. No entanto, ele e a esposa teriam ficado sob uma árvore, da qual, conforme o Corpo de Bombeiros, um galho se rompeu e atingiu Marcelo na cabeça, provocando traumatismo craniano grave
Levado ao HR (Hospital Regional Doutor Domingos Leonardo Cerávolo), Marcelo não resistiu e foi a óbito. Ele recebe as últimas homenagens na Casa de Velório Athia, em Pirapozinho, município em que será sepultado no Cemitério Municipal, às 10h dessa segunda-feira.
Fonte: O Imparcial









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