Mesmo com baixo índice de desmatamento na Mata Atlântica, Oeste Paulista tem pouca vegetação nativa e precisa restaurar florestas
‘A gente devia ter pelo menos 30% de floresta em um município’, afirmou ao G1 o diretor de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto. Teodoro Sampaio, onde fica o Parque Estadual do Morro do Diabo, é destaque em remanescentes do bioma.
Quando se fala em desmatamento de Mata Atlântica, o Oeste Paulista apresenta baixos índices e até mesmo taxas zeradas em algumas cidades nos últimos 10 anos, conforme levantamento feito pelo G1 no portal “Aqui tem Mata?”. Contudo, ainda é necessário o plantio de matas na região, já que a maioria das urbes chega a ter menos de 5% de floresta em suas respectivas áreas totais; apenas Teodoro Sampaio (SP) chega próximo ao percentual ideal de 30%, com 27,52% da Mata Atlântica original do município.
O Oeste Paulista já foi uma área muito desmatada para a ocupação agropecuária, sendo assim, não é possível dizer que a região é preservada ambientalmente falando, conforme declarou ao G1 o diretor de Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto.
“Em relação a outras regiões do Estado de São Paulo, [o Oeste Paulista] tem muito pouca vegetação nativa, alguns municípios da região têm menos de 10%, alguns chegam a ter menos de 5% de floresta na área total do município; a gente devia ter pelo menos 30% de floresta em um município”, afirmou o diretor de Conhecimento.
Num comparativo com as áreas mais florestadas do Estado de São Paulo – que estão no litoral-sul e no litoral-norte, além das regiões da Serra da Mantiqueira e do Vale do Paraíba –, há um déficit de vegetação no Oeste e no Noroeste do território paulista.
“Temos muito poucas unidades de conservação, o Parque [Estadual] do Morro do Diabo é uma ótima exceção, um dos maiores fragmentos que a gente tem no interior do Estado; então isso é um destaque muito positivo, mas de maneira geral a gente tem que restaurar agora as florestas do interior do Estado de São Paulo e do Oeste do Estado”, salientou Guedes ao G1.
Alta no desmatamento
São Paulo foi um dos 10 estados que apresentaram aumento do desmatamento na Mata Atlântica no período de 2019–2020 em relação ao período de 2018–2019. O número foi de 43 hectares para 218 hectares.
Pinto observou que “218 hectares pro Estado de São Paulo ainda são uma área relativamente pequena, mas o aumento relativo foi muito alto, de 402%”. Nos períodos anteriores, de 2016–2017 e de 2017–2018, o Estado de São Paulo apresentava números na faixa dos 90 hectares de desmatamento.
“Lembrando que qualquer desmatamento na Mata Atlântica é muito importante, porque essa é a floresta mais ameaçada e mais devastada do Brasil. Então esse aumento de 2018, embora ainda seja uma área total relativamente pequena, acende uma luz amarela e coloca o Estado de São Paulo com estado de atenção em relação ao desmatamento da Mata Atlântica”, destacou ao G1 o diretor de Conhecimento da SOS.
No último período analisado, divulgado no mês passado, a maior parte dos desmatamentos está concentrada ao redor de regiões urbanas, metropolitanas, da Região Metropolitana de São Paulo, Campinas e na Baixada Santista.
“Então, a Mata Atlântica é desmatada por duas principais razões, pelo aumento das cidades, expansão urbana e especulação imobiliária e pela expansão agrícola. No caso de São Paulo, o principal vetor é a expansão imobiliária, por isso está mais ou menos bem controlada a questão do desmatamento pra novas áreas agrícolas de pastagens. Por isso no Oeste a situação está relativamente bem controlada, com muito pouco desmatamento”, explicou ao G1.
Remanescentes
O diretor de Conhecimento relatou que, no Brasil, a maior parte dos remanescentes florestais de Mata Atlântica está nas regiões litorâneas do Paraná e de São Paulo, além de algumas regiões do Rio de Janeiro e da Bahia. “Sobrou muito pouca Mata Atlântica no interior do Brasil”, disse.
“Os principais remanescentes da região Sudeste e do Sul são o Parque Nacional do Iguaçu, que tem uma grande área florestal, e o Morro do Diabo, que no Estado de São Paulo é a principal área de Mata Atlântica do interior e tem um valor enorme pra conservação da biodiversidade, pro meio ambiente naquela região, e acaba contribuindo pro Estado inteiro”, ressaltou Pinto.
Sendo Teodoro Sampaio um grande destaque devido ao Parque Estadual do Morro do Diabo, Pinto afirmou que essa referência tem de ser preservada e, agora, o importante é conectar o parque com os outros remanescentes de Mata Atlântica presentes na região.
Outro fator importante é o plantio de matas ciliares, as florestas que protegem as nascentes e os rios, que são fundamentais para a disponibilidade de água.
Por Stephanie Fonseca, G1 Presidente Prudente
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