Fazendo por fazer.
Há muito tempo atrás, em um certo campo, dois lavradores ceifavam trigo. Era época de colheita e a seara estava repleta de grãos maduros. Sempre de costas um para o outro, ocupados com o trabalho a fim de receberem e irem embora, passavam suas horas calados até que o dia findasse. Isso aconteceu por um tempo.
Num dia qualquer, suados e cansados, e com sacos cheios para levarem ao armazém, o mais novo perguntou ao mais velho:
— O que é que você está fazendo?
— Não está claro para você? – respondeu ele rindo, surpreso com a pergunta.
Desde esse momento, os dois lavradores passaram a se conhecer melhor. Entretanto, a pergunta que começou aquela amizade sempre esteve na boca do mais novo. Noutro dia, virando-se para o lado de seu companheiro, perguntou novamente:
— O que você está fazendo? – perguntou seriamente.
— Bom, eu estou trabalhando porque todo mundo tem que trabalhar, meu amigo.
Acontece que o mais velho não entendeu desde o começo o que o mais novo perguntou. Seguia assim, sem mais questionamentos, respondendo da mesma forma a pergunta que, dia após dia, sempre lhe era feita.
O mais velho passava seus dias como que num instante e já era hora de ir. O mais novo costumava olhar a paisagem, respirar fundo, observar os animais que lhe apareciam, rir e cantar, apesar do cansaço do dia.
E outra vez lhe perguntou:
— O que você está fazendo?
— Basta! Essa é a última vez que te respondo. Você já sabe, claramente, o que estamos fazendo aqui. Pois responda-me você o que está fazendo. – respondeu zangado.
— Eu sei bem o que eu estou fazendo aqui, até mesmo quando aprecio o nascer e o pôr do sol. Mas, sinceramente, quanto a você, só vejo um homem que anda como um cadáver e, quando acaba seu dia, volta para fazer o que fez no dia anterior.
Muitas vezes temos de ouvir várias vezes a mesma coisa para que compreendamos algo. É provável que, depois da resposta recebida, o mais velho tenha acordado para tomar novas decisões em seus dias. O ponto aqui é: estamos nós vivendo no automático?
Durante anos aqueles homens trabalharam juntos, porém, apenas um deles descobriu o sentido de ser lavrador, o outro, por sua vez, apenas estava lá, como um cadáver ambulante. Enquanto o mais novo via em seu trabalho a oportunidade de apreciar as belezas da Vida, o mais velho ficava tão preso em seus afazeres que se esquecia do sentido do que estava fazendo ali.
Quantas vezes nos encontramos perdidos e sem sentido, no automático! Seja com os amigos, no trabalho, com o cônjuge, na faculdade, nos prazeres por aí… É sempre hora para descobrirmos o sentido do que estamos fazendo e, se necessário, mudar.
E você, o que está fazendo?
Ivan Coimbra Volcov
Psicólogo
CRP – 06/208733
Contato: (18) 99732-5441
Comentários (2)
Amei.
Faz muito sentido! Sem propósito tudo fica sem sentido, mais pesado e chato!!!