Ex-marido de mulher atropelada três vezes e morta no DF registrou boletim de ocorrência contra suspeito de feminicídio
Juliana Barboza Soares, a mãe dela, e a filha, de 5 anos, foram atropeladas quando voltavam da comemoração de aniversário da vítima. Wallison Felipe de Oliveira, preso pelo crime e ex-namorado de Juliana, ‘tinha um perfil de uma pessoa muito violenta’, disse primeiro marido da vítima e pai da criança.
Wallison Felipe de Oliveira, de 29 anos, é investigado por feminicídio depois de passar o carro três vezes por cima da família da ex-namorada, na noite de terça-feira (20), quando Juliana Barboza Soares voltava da comemoração do seu aniversário de 34 anos. O crime ocorreu por volta das 23h, na região do Gama, no Distrito Federal.
Juliana Barboza Soares morreu na hora. A filha dela, de 5 anos, e a mãe de Juliana foram hospitalizadas.
Antes do crime, o ex-marido da vítima e pai da criança, Antônio Adonel Gomes, já tinha registrado um boletim de ocorrência contra o suspeito de feminicídio por conta de ameaças.
“Ele tinha um perfil de uma pessoa muito violenta. Ele muitas vezes me ligava de madrugada pra me ameaçar. Eu cheguei a registrar uma ocorrência aqui na 14ª Delegacia de Polícia de ameaça”, diz o ex-marido de Juliana Barboza Soares. Testemunhas afirmam que o relacionamento de Juliana e Wallison durou cerca de dois anos e era marcado por brigas e violência. Antônio Adonel Gomes afirma que a ex-esposa ligou para a polícia algumas vezes após ameaças de Wallison.
“Algumas vezes a Juliana teve até que chamar a polícia, tanto a Polícia Civil como Polícia Militar pra atender situações na casa dela, dele querer agredi-la, se apossar do celular dela, ficar esmiuçando celular”, conta Antônio Gomes.
Wallison Felipe de Oliveira, preso na quarta-feira (21), ficou em silêncio durante depoimento à polícia. O advogado de Wallison disse que ele “só vai se manifestar perante a Justiça”.
Segundo o delegado da 14ª Delegacia de Polícia, William Andrade Ricardo, a Justiça expediu o mandado de prisão temporária – que tem prazo de 30 dias. Wallison Felipe de Oliveira foi levado para o Instituto Médico Legal e depois para o Complexo Penitenciário da Papuda.
De acordo com o delegado, o homem deve responder por feminicídio qualificado e por duas tentativas de homicídio qualificado. Juliana é a 12ª vítima de feminicídio no DF em 2024.
O atropelamento
Mãe, filha e avó foram atropeladas quando saiam, a pé, da comemoração do aniversário de 34 anos de Juliana. Testemunhas contam que Wallison apareceu na festa e reclamou por não ter sido convidado.
Nesse momento, a família decidiu voltar para casa. Os atropelamentos foram gravados por uma câmera de segurança (veja vídeo acima).
Wallison Felipe de Oliveira passou pela avenida, parou e, na sequência, atingiu a família. As duas mulheres e a menina de 5 anos foram arremessadas.
Em seguida, o motorista fugiu na direção contrária. As vítimas tentaram se levantar e uma testemunha se aproximou para ajudar, mas o carro voltou, em alta velocidade, e atingiu mais uma vez duas das três vítimas. A criança só não foi atingida porque conseguiu correr.
Depois de alguns minutos, o motorista voltou ao local e conversou com testemunhas que ajudavam a família. Ele então deu uma nova volta, retornou para o início da rua onde as vítimas estavam, acelerou e atropelou pela terceira vez a família.
O carro foi abandonado a três quilômetros do local dos atropelamentos, no estacionamento de uma escola. O veículo tinha um pneu estourado, para-brisas quebrado e marcas de sangue.
Estado de saúde das vítimas
Segundo o Corpo de Bombeiros, a avó da criança foi levada para o Hospital Regional do Gama com ferimentos e em estado de choque. A família disse que Maria do Socorro Barboza Soares está em estado grave.
O ex-marido de Juliana, Antônio Adonel Gomes, conta que a ex-sogra deu entrada no hospital do Gama com duas costelas quebradas, pulmão perfurado, braço quebrado e um coágulo na cabeça, e que foi transferida para o Hospital de Base.
Já a criança foi encaminhada ao Hospital de Santa Maria consciente, mas com dores pelo corpo. Ela está estável, segundo familiares. O pai da criança, Antônio Adonel Gomes, disse que a filha está fora de risco, mas fraturou a perna e está com hematomas, inclusive na cabeça.
Medida protetiva
Em 2022, Juliana Barboza Soares registrou denúncia por ameaça, segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). A Justiça determinou a medida protetiva, mas Juliana pediu a revogação.
O processo foi arquivado em janeiro de 2023. Depois disso, não houve registro de outra ocorrência de violência, segundo o TJDFT, ou seja, não havia medida protetiva em vigor desde janeiro de 2023.
Fonte: G1
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