Em ‘situação insustentável’, trabalhadores do transporte coletivo urbano de Presidente Prudente retomam greve total por tempo indeterminado

APOIADO POR:

Em ‘situação insustentável’, trabalhadores do transporte coletivo urbano de Presidente Prudente retomam greve total por tempo indeterminado

Nesta quinta-feira (22), a paralisação completou 37 dias e o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Terrestre de Presidente Prudente e Região (Sintrattepp) informou que os pagamentos continuam atrasados.

Os trabalhadores do transporte coletivo urbano de Presidente Prudente paralisaram totalmente o serviço nesta quinta-feira (22). Até o início desta manhã, todos os ônibus seguem dentro da garagem da empresa Prudente Urbano, no Conjunto Habitacional Mário Amato. A paralisação completou 37 dias.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Terrestre de Presidente Prudente e Região (Sintrattepp), Wagner Schiavão, além dos atrasos nos salários referentes ao mês, o vale-alimentação de R$ 500 deste mês e R$ 300 que faltaram do mês passado não foram pagos. Nenhum funcionário recebeu também o vale pago todo dia 20.

“Infelizmente a situação está insustentável. Referente ao ticket do mês passado foram pagos somente R$ 200, já venceu outro de R$ 500. Os motoristas estão com os salários atrasados, férias. Então, está insustentável. Enquanto não resolver isso, não pagarem, nenhum ônibus vai sair da garagem”, afirmou.

Esta é a quarta greve somente este ano e motivada pelo atraso no pagamento dos salários e foi iniciada no dia 16 de junho. É a segunda vez apenas neste período que o serviço ficou 100% paralisado.

“A decisão foi tomada em assembleia na noite de ontem [quarta-feira, 21]”, falou.

Trabalhadores do transporte coletivo urbano de Presidente Prudente paralisaram totalmente o serviço — Foto: Emerson Sanchez/TV Fronteira

Ele ainda salientou que a categoria cumpriu tudo o que foi determinado pela Justiça, como colocar em circulação 29 veículos. Contudo, Schiavão pontuou que falta ação por parte da empresa e do poder público. “A Justiça já soltou a liminar determinando os 29 carros, nós cumprimos a decisão, mas infelizmente a empresa não fez nada, a Prefeitura não fez nada, todo mundo enrolando. Se não pagarem os funcionários, não vai ter ônibus. Tem que ter salário na conta e comida na mesa”, afirmou.

De acordo com o presidente do Sintrattepp, muitos trabalhadores passam por dificuldades com os salários atrasados. “O pessoal está com aluguel atrasado, luz atrasada. O pessoal trabalhando já com o psicológico muito abalado”, frisou.

Para ele, a fiscalização que tem sido feita pela comissão criada pela Prefeitura de Presidente Prudente não é suficiente. “Vir aqui fiscalizar pneu de ônibus, lacre quebrado de catraca não vai resolver. Tem que resolver com auditoria das finanças da empresa. Sobre isso, não tivemos nenhuma informação”, enfatizou.

Por fim, Schiavão pediu desculpas aos passageiros, que ficarão novamente sem o transporte coletivo urbano por tempo indeterminado. “Eu peço desculpas para a população, mas ela entende, estão apoiando o trabalhador, porque está insustentável a situação do trabalhador”, finalizou o presidente da categoria.

Outro lado

O secretário de mobilidade urbana de Presidente Prudente, Luiz Edson de Souza, afirmou ao G1 que, “ao que tudo indica, mais uma vez, a empresa descumpriu, num primeiro momento, o estabelecido em contrato”, e depois a determinação da Justiça do Trabalho.

“Só estamos tomando conhecimento da paralisação pelas redes sociais e mídia, e, nada de oficial havia no sido informado até ao término do expediente de ontem. Por outro lado trata-se uma paralisação ilegal, pois, como é de conhecimento, por se tratar de um serviço essencial, não pode ocorrer a paralisação em 100% do serviço. Também há determinação do MP para que a empresa pague o devido aos seus funcionários até o dia 5 [quinto dia útil], o que também não foi feito. Diante das circunstâncias, haverá uma reunião convocada em caráter de urgência, pelo nosso prefeito Ed Thomas [PSB], e as medidas para continuidade do serviço serão tomadas”, explicou.

O G1 solicitou posicionamento da empresa Prudente Urbano. Porém, até o momento, não houve resposta.

Mais de um mês de greve

A paralisação do serviço tem impactado a vida de quem faz o serviço e de quem depende dos ônibus. No dia 15, quando a greve completou um mês, o G1 conversou com um funcionário, passageiros e uma pesquisadora, que falaram sobre os desdobramentos desse mês inteiro de paralisação. Não há perspectiva de quando o serviço voltará ao normal.

É a quarta greve no ano, motivada pelos atrasos nos pagamentos de salários dos funcionários, e a mais longa desde que a Prudente Urbano assumiu o serviço no município. A concessão para exploração dos serviços, conforme o contrato, é válida por 10 anos, podendo ser prorrogada por mais uma década, “a critério do poder concedente”.

Por Heloise Hamada e Emerson Sanchez, G1 Presidente Prudente e TV Fronteira

Compartilhe esta publicação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


APOIADO POR:
APOIADO POR:
APOIADO POR: