Em 8 meses, Santa Casa supera número de captações de múltiplos órgãos feitas em todo ano passado


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Em 8 meses, Santa Casa supera número de captações de múltiplos órgãos feitas em todo ano passado

Dia Nacional de Incentivo à Doação é comemorado nesta sexta-feira, dia 27, com 10 procedimentos realizados em Prudente por dois hospitais

Neste sexta-feira, dia 27 de setembro, é comemorado o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos. Em Presidente Prudente, o cenário é considerado favorável pelo enfermeiro da CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes) da Santa Casa de Misericórdia, Anderson Milhorança, que aponta que, de janeiro até agosto, o hospital já atingiu a marca do que foi feito durante todo o ano de 2023. Na instituição, nos oito primeiros meses de 2024, sete captações de múltiplos órgãos – procedimentos em que foi possível a doação de dois ou mais órgãos – foram contabilizadas, diante de cinco registros no mesmo período do ano passado. De janeiro a setembro foram coletadas dez córneas, três corações, 14 rins, dois ossos, um pâncreas e um pulmão. Única unidade habilitada para fazer transplantes na cidade, a instituição realizou, do início do ano até agosto, cinco procedimentos envolvendo córneas e outros cinco envolvendo rins. 

No HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, que promove a Semana de conscientização sobre doação de órgãos em alusão ao Setembro Verde, mês dedicado à tal causa, de janeiro até o momento, três captações de múltiplos órgãos foram realizadas e resultaram na coleta de um pulmão, um fígado, seis rins, um osso e quatro córneas. 

Aumento na conscientização

Anderson avalia que, ao longo dos anos, houve um aumento na conscientização sobre a importância da doação de órgãos. “No entanto, acreditamos que ainda é necessário um grande esforço de cooperação entre as instituições, o governo e os meios de comunicação, visto que o principal obstáculo para a doação, além da família muitas vezes não saber qual era o desejo do potencial doador – talvez porque nunca discutiram o assunto –, é a falta de informação sobre todo o processo”, revela. “Famílias optam por negar a doação, muitas vezes por razões diversas, incluindo medo, convicções religiosas, falta de confiança no sistema de saúde ou mitos urbanos”, complementa.

Embora os números indiquem que as famílias estejam mais receptivas à ideia de doar os órgãos de seus entes queridos, o enfermeiro relata que muitas dúvidas ainda surgem ao longo do processo. “As questões mais comuns envolvem o tempo que o procedimento leva, o estado em que o corpo será devolvido após a doação e a documentação necessária, entre outros aspectos importantes”, cita.

“É importante ressaltar que, antes do diagnóstico de morte encefálica, todas as possibilidades terapêuticas são esgotadas. A confirmação exige uma série de exames e a avaliação de mais de um médico, seguindo os protocolos definidos pela Resolução do CFM [Conselho Federal de Medicina] 2.173/2017, que estabelece os critérios e procedimentos a serem seguidos”, esclarece o enfermeiro.

Abordagem às famílias

Após a confirmação da morte cerebral, uma equipe especializada entra em contato com a família do falecido, apresenta a possibilidade de doação, informa todo o processo, esclarece dúvidas e pergunta sobre o interesse em realizar a doação. “É fundamental destacar que, mesmo que o paciente tenha registrado sua intenção de doar em documentos, apenas a família tem a prerrogativa de tomar a decisão final. Portanto, é crucial que a família esteja ciente da vontade do paciente para que essa seja respeitada”, destaca Anderson

Para o diretor técnico do HR e coordenador da CIHDOTT da instituição, o médico Renato Ferrari, é extremamente necessário que o assunto seja tema de conversas entre familiares. “Quando você fala sobre a sua vontade em vida é muito mais fácil para o seu familiar tomar essa decisão, se um dia for chegada essa hora. Então, quando você tem a expressa vontade daquela pessoa que está ali falecida é muito mais fácil, a gente não assume a responsabilidade que estar fazendo alguma coisa que não seria do agrado daquela pessoa. Por isso a necessidade de isso ser conversado entre as famílias”, considera.

Vontade registrada

Lançada em abril pelo Ministério da Saúde, a Aedo (Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos) é uma forma eletrônica de autorizar a doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano. Anderson explica que, através da plataforma online, qualquer pessoa pode registrar no sistema a sua vontade de ser um doador, no https://www.aedo.org.br/. “Essa informação pode ser acessada pela equipe médica e demonstrada à família a real intenção da pessoa. Mesmo assim, cabe a família a decisão final sobre a doação”, enfatiza o enfermeiro. 

Fonte: O Imparcial

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