Caminhos da fé: peregrinos compartilham experiências de caminhar 35 km até Santo Expedito


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Caminhos da fé: peregrinos compartilham experiências de caminhar 35 km até Santo Expedito

Segundo o reitor do Santuário Diocesano de Santo Expedito, padre Umberto Laércio Bastos de Souza, os devotos realizam a caminhada da fé para agradecer as graças alcançadas.

Comemorado nesta sexta-feira (19) pelos fiéis da Igreja Católica, o Dia de Santo Expedito é um momento importante para as pessoas professarem a fé em uma jornada íntima ao optarem por realizar o trajeto a pé rumo a cidade de Santo Expedito (SP), que leva o nome do padroeiro das causas justas e urgentes.

Segundo o reitor do Santuário Diocesano de Santo Expedito, padre Umberto Laércio Bastos de Souza, os peregrinos realizam a caminhada da fé para agradecer ao santo pelas graças alcançadas.

“Fizeram suas promessas e agora cumprem. Todos eles têm a certeza que Jesus vê suas mais sinceras intenções e que Santo Expedito intercedeu junto a Jesus. É lindo ver que os romeiros e devotos, de pés inchados, joelhos esfolados e corpos em frangalhos, fazem isso por pai, mãe, irmão, filhos e até amigos”, afirmou o padre.

Além disso, o reitor pontua que muitos devotos pedem mais graças ao bem do próximo do que para si mesmos.

“Durante as caminhadas, estes peregrinos fazem a experiência de amar como Jesus amou, levando um pedaço da cruz dos outros, que não puderam levar a sua. Fazem pelo outro como fez Maria, ela estava lá aos pés da cruz do seu filho. Como cristãos, não só carregamos a própria cruz, mas também um pedaço da cruz do outro. Na verdade, quem recomendou que carregássemos a cruz do outro foi o próprio Jesus. É tão bonito ver romeiros e devotos que saem de casa e caminham longe, mais para agradecer e pedir graças para os outros do que para si mesmos”, explicou.

O padre também afirma que o santo ensina o devoto a confiar em seu amparo, ao superar momentos de procrastinação, e tomar uma atitude de fé, bem como enfrentar os tormentos que ferem e tentam tirar a paz.

Há cinco anos, Diego Bertoni realiza a peregrinação até Santo Expedito (SP) — Foto: Cedidas

Refletir a fé 🕊

Para muitos fiéis, como o barbeiro Diego Bertoni, a caminhada é um momento de refletir sobre a própria fé.

“Para mim, a importância é mais pessoal mesmo. É onde me sinto em paz e me encontro refletindo sobre a minha fé. Sempre gostei de caminhar e de me desafiar. Todo ano faço um propósito e, nesse ano, vou em agradecimento por uma coisa que aconteceu comigo”, contou.

Para Bertoni, que desde criança aprendeu a rezar e a ser devoto de Santo Expedito, a jornada é uma experiência única, que o deixa feliz em participar todos os anos. De acordo com ele, essa aventura de fé é realizada há cinco anos seguidos.

Fé, oração e espiritualidade 🙏

Quem também pensa desta forma é o estudante de fisioterapia Gabriel Uramoto Evangelista. Segundo ele, que participa da caminhada desde 2021, o ato é uma forma de fortalecer a conexão com Deus.

“É uma caminhada que envolve a nossa fé, oração, espiritualidade. Nos ajuda a fortalecer ainda mais a conexão com Deus. É um ato de gratidão, de fé, de pedir, pagar promessas. Para cada pessoa tem um significado”, comentou Evangelista.

Segundo o jovem, todo ano ele costuma ir com os amigos, que iniciaram a caminhada em quatro. Mas sua história de devoção teve início em 2018, quando foi pela primeira vez a Santo Expedito com a família, “momento em que começou a se aproximar do santo e fazer orações pedindo sua intercessão”.

“A jornada é cansativa, mas tudo que fazemos pela fé vale a pena. O meu propósito é o de agradecer por tudo o que acontece na minha vida, que a cada ano está melhor. Uma vez falaram sobre gratidão: ‘o que você terá no outro dia, vai ser o que agradeceu no dia anterior’. Eu levo até hoje essa reflexão”, finalizou.

Há cinco anos, Diego Bertoni realiza a peregrinação até Santo Expedito (SP) — Foto: Cedidas

‘Caminhada com Deus’ 📿

Para a advogada Viviane Rodrigues, a caminhada é importante para mostrar que as pessoas podem se superar nas coisas que pretendem fazer.

“Quando a gente se propõe a fazer alguma coisa para Deus, porque, na verdade, é uma penitência, é um momento nosso com nós mesmos. Mesmo que tenha mais de mil pessoas, que tenha mais gente em volta, pra mim, é um desafio comigo mesma e com Deus. Então, eu me desafiando e me propondo a me penitenciar de fazer esse momento de encontro com Deus, com a ajuda de Santo Expedito, de caminhar junto com ele, de ir até o santuário dele, é muito importante pra mim”, contou.

Embora não tenha feito promessas ao santo, para Viviane, a caminhada representa uma forma de professar sua fé.

“Ela é diferente de tudo. Porque você ir até uma igreja, fazer suas orações, ficar lá, conversar com o Senhor, com os santos de devoção, é diferente de você caminhar, de você se provar, de testar uma caminhada de mais de 35 quilômetros., e você vivenciar esse momento, se sentir neste lugar, a sensação é de que Deus caminha com você”, pontuou a advogada.

E completou: “a jornada é fatigante demais, cansativo demais, é superação. Não é fácil. É a segunda vez que eu vou, eu fui ano passado, e foi muito difícil. Na minha primeira vez, eu achei que ia ser super tranquila e não foi. Foi muito difícil, doloroso, penoso. Eu e minha irmã fomos rezando pelo caminho e a gente foi meditando e, realmente, não tem explicação, é mágico, é divino mesmo. Realmente é a presença de Deus ali com a gente”, complementou.

Assim como Diego, ela também se sente próxima de Santo Expedito desde a infância, apreciando a disposição do santo de interceder por todos, independente de quem seja.

“É aquele que a gente recorre à intercessão junto a Deus. A minha relação com ele é essa, de tê-lo tão próximo desde a infância. O Santo Expedito é interessante porque a cidade é próxima da nossa [Presidente Prudente (SP) ] e traz uma memória de um santo protetor e intercessor, um santo próximo, um santo presente na nossa vida”, finalizou.

Descoberta no caminhar 🚶‍♂️

O comerciante Ricardo Guinossi Amaral Gurgel realiza a caminhada de peregrinação até Santo Expedito há 10 anos. Já o Caminho da Fé, que organiza junto com a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, localizada na Vila Maristela, chega à sua oitava edição em 2024, ano em que ele espera receber mais de 1.500 participantes.

A reportagem, Gurgel detalhou as descobertas que o caminhar proporcionou em sua vida na fé.

“Foi um momento difícil da minha vida, mas, também, um momento de fé. Na época, eu vi uma reportagem sobre a semana de Santo Expedito, eu ouvi no rádio, e o padre falava desse problema, e eu resolvi falar com minha esposa, porque eu estava passando por necessidades financeiras muito grandes. Eu falei para ela que no sábado à noite era o dia de Santo Expedito. Pedi para ela me deixar, às 22h, na ponte de Álvares Machado, e dali eu percorri a noite inteira”, lembrou o comerciante.

“O que mais aumentou a minha fé foi que, ao quilômetro 20, encontrei uma família de peregrinos pagando uma promessa, uma família de sete pessoas, com a avó nos seus 60 anos, na época, que tinha sido curada do câncer, e ali nós fomos andando juntos até chegarmos em Santo Expedito, rezando o terço”, completou.

Gurgel também detalhou que cada momento é único e que cada pessoa o vivencia da sua maneira.

“De repente, você está andando e você tem uma alegria, começa a chorar, de repente, você tem um toque, você vê uma luz, uma placa, uma imagem no caminhar. São momentos de cada um. Eu tive o toque de Deus no momento em que eu estava na madrugada, e foi uma coisa que me tocou. Na hora que eu cheguei, estava arrasado, não tinha preparo nenhum, e esse despertar aumentou a minha fé. Na hora que eu cheguei, senti a presença do Santo Expedito falando comigo. Foi aí que eu disse que jamais deixaria de levar o nome dele”, afirmou.

Para ele, a caminhada só é possível pela fé.

“É a fé mesmo, eu tinha algumas pedras na minha vida que eu consegui retirar. E a fé, ela não aparece. Ela é toque, é sinal, é luz, é som, é momento, é maravilhoso. Só quem está presente vai sentir. E tem que ter propósito”, pontuou Gurgel.

Caminho da Fé 🤲

A rota se inicia às 22h, na Igreja São José, em Álvares Machado (SP), passa por Alfredo Marcondes (SP) e chega ao Santuário de Santo Expedito. São 35 quilômetros de estrada rural, sinalizada para receber os peregrinos.

Conforme o organizador, a caminhada conta com a ajuda da Polícia Militar Rodoviária e de cerca de 50 voluntários, os quais são carinhosamente chamados de “anjos do asfalto”.

Pessoas de diferentes localidades do país e do Oeste Paulista participam da caminhada, vindo, por exemplo, de Caiuá (SP), Campo Grande (MS), Santos (SP), Lins (SP), Cuiabá (MT) e do nordeste brasileiro.

Gurgel ainda ressaltou que o dinheiro das camisetas do evento e das doações realizadas pelos fiéis são revertidas para a construção do Santuário de Santo Expedito e, em 2024, pretende arrecadar para o grupo dos vicentinos.

“A gente pede que as pessoas façam cada um da sua maneira. Nós temos um momento em que pessoa pode escrever sua carta, seu pedido, seu agradecimento, e a gente coloca num balaio e, na hora da chegada, entregamos nos pés de Santo Expedito, que o padre abençoa. A gente vai em sintonia. Às 0h, a gente reza um terço mariano, às 3h, a gente reza um terço da misericórdia e cada um tem o seu momento de oração, de pedido, as pessoas às vezes estão caminhando e não sabem quem está do lado e vai conversando, vai rezando, é um momento de sintonia com Deus que é único”, explicou.

“Cada um tem a sua própria crença no que é caminhar com Deus, é diferente de pensar que vai fazer um exercício ou uma corrida, é a fé que leva a tudo. Cada um tem o seu limite, a gente fala 35 quilômetros, é longo. Mas se você não aguenta, você fez o seu máximo. Você fez o que Deus quis de você, então, a gente não exige nada de ninguém, vai quem quer, por isso a nossa caminhada é de fé”, finalizou.

Fonte: G1

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