Apesar da idade, idosos ingressam em cursos de graduação


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Apesar da idade, idosos ingressam em cursos de graduação

Firmino Ferreira Filho, 74 anos, e Claudinei Teles Clemente, 70 anos, compartilham sabedoria com os mais jovens

A graduação é o primeiro passo para ingressar no mercado de trabalho. Mas, para alguns, adquirir conhecimento na faculdade também é uma oportunidade para mesclar a bagagem de vida e compartilhar os ensinamentos. Este é o caso de idosos moradores de Presidente Prudente que, apesar das idades, iniciaram os estudos no ensino superior. Um levantamento feito pela reportagem em instituições da cidade mostra que, em cinco delas, o número de pessoas acima de 60 anos atualmente matriculadas é de 20 – o que representa a minoria dos graduandos em todas elas. 
“Eu me acho com 17 anos, porque uma pessoa de 74 anos com uma rotina que eu tenho, só pode ter essa idade”, considera Firmino Ferreira da Silva, estudante do curso de Direito na Fasol (Faculdade Solidária do Oeste Paulista. O prudentino é conhecido pelo currículo de professor, músico, maestro, instrumentista, cantor gospel, escritor e radialista, e, apesar de todo conhecimento na área cultural, apostou nos estudos do meio jurídico. No começo, a família teve receio da nova escolha, mas, aos poucos, se acostuma com o horário reservado para a aula. 
“O Direito tem uma unificação que eu digo até musical, como a música une harmonia com som, o Direito para mim, [une] a literatura e a letra. Ele tem uma fonte de informação que vem esclarecer o homem em todos os ângulos, me atrai por ser uma forma muito agradável para que o homem possa ser alguém no futuro”, considera. As aulas começaram na pandemia, então, o contato com os mais novos na sala de aula foi mínimo. “O encontro não foi chocante, porque eu me acho nessa idade. Gosto de refletir a convivência de estar ao lado dos nossos jovens e assimilando e entrando no próprio universo que eles possuem”, afirma. 
Sobre seguir ou não a carreira na área jurídica, a resposta é certa: “Meu sonho é orientar os jovens, nossos trabalhadores, me comportar como ser humano”, afirma. “Quero ser um ponto de informação para quem estiver com alguma dificuldade, abrir os olhos para dar uma forma mais agradável para dar um rumo, na medida do possível, em busca dos seus direitos”.

“Aquele que não evolui, morre”

Assim como Firmino, Claudinei Teles Clemente, 70 anos, decidiu que era o momento para cursar novamente o ensino superior. O prudentino, já graduado em Ciências Contábeis, é aluno do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, na Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Presidente Prudente. “Como eu trabalho na área de contabilidade, onde preciso de tecnologia, vi que era importante aprender. As coisas andam tão rápido que a gente tem que se atualizar”, explica. “Eu tenho um lema: aquele que não evoluiu, morre”.
De acordo com o estudante, a interação com os colegas, que iniciou no segundo semestre de 2018, foi uma surpresa. “Eles são todos quietos, não gostam muito de conversar, gostam mais de ficar no computador mesmo, fazendo as coisinhas deles, ouvem o aparelhinho de som. No primeiro momento tive até receio de ser rejeitado, mas não aconteceu. Está certo que o limite da gente é mais restrito, eles são muito mais rápidos. Mas tudo bem, estou aprendendo”, considera. 
Próximo ao término da graduação, Claudinei já tem planos e afirma que não ficará parado. “Pretendo usar esse aprendizado que tive para ir pra frente, inclusive na minha área de contabilidade, que usa muito a ciência de dados. É uma área que quero evoluir bastante, mas também fazer muita coisa do que aprendi. Não tenho preguiça, gosto de estudar bastante, sou curioso e sempre estudei o tempo todo, dentro da minha disciplina”, salienta. 
Firmino e Claudinei são inspirações para os mais jovens. Assim como outros prudentinos acima de 60 anos que cursam uma faculdade, apesar das idades, eles se esforçam o máximo que podem, e procuram manter o sorriso no rosto. É como se cada entrada em sala de aula os redirecionasse a um reencontro com o passado, mas escrito em novas linhas e com mais sabedoria.

Por: ROBERTO KAWASAKI Fonte: O Imparcial

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