Presidente do Conselho Municipal de Educação analisa ‘com grande preocupação’ a retomada de aulas presenciais em Presidente Prudente
Rogério José da Silva participou do G1 Entrevista e também falou sobre a avaliação a respeito das estruturas e adequações tanto das escolas públicas quanto privadas, a vacinação para a volta das atividades e também sobre os desafios da educação para o período pós-pandemia.
O presidente do Conselho Municipal de Educação de Presidente Prudente (Comed-PP), Rogério José da Silva, afirmou ao G1 que vê com grande preocupação a retomada de aulas presenciais no município durante o pior momento da pandemia da Covid-19, ao ser questionado sobre a segurança para a volta das atividades escolares (veja a entrevista completa no vídeo acima).
“O Comed vê, como boa parte daqueles que são comprometidos com a qualidade da educação, com a necessidade de oferecer uma educação de qualidade para todos, o Comed vê com grande preocupação. Por quê? As aulas presenciais, nesse momento, elas estão autorizadas, isso é inegável em termo de legislação, há decretos do governador do Estado que permitem a ocupação das salas, o uso das salas com a capacidade de até 35% e existe essa polaridade entre o que é seguro e o que não é seguro. Nesse momento, em Presidente Prudente, funcionam somente as escolas privadas dessa maneira. E nas escolas privadas a gente sabe que também têm ocorrido casos de infecção, têm colegas professores que estão sendo infectados, têm funcionários que estão sendo infectados”, declarou Silva.
O presidente do Comed-PP participou do G1 Entrevista, em que também falou sobre a avaliação do conselho a respeito das estruturas e adequações tanto das escolas públicas quanto privadas para a realização das aulas, a vacinação para a retomada das atividades e também sobre os desafios da educação para o período pós-pandemia.
“O que todo mundo precisa saber é que da mesma forma que há risco de ter contato com infectados em uma escola pública, seja ela estadual ou municipal, também existe na escola privada. Ah, mas existem protocolos de segurança. Tudo bem. Protocolos de segurança existem no mundo inteiro e no mundo inteiro há reflexões e há momentos em que se dá para avançar e momentos em que não se pode avançar para as aulas presenciais”, explicou o presidente do Comed.
A Secretaria Municipal de Educação prevê para o dia 3 de maio o início das aulas presenciais na rede municipal de ensino, em Presidente Prudente. Silva também tratou desse assunto na entrevista.
Rede estadual
Em nota ao G1, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que investe na segurança dos professores na volta às aulas e, por isso, já foram vacinados mais de 209.036 profissionais da área desde sábado (10).
Durante as atividades presenciais, as escolas de toda a rede estadual cumprem os protocolos estabelecidos pelo Plano São Paulo. Ao entrarem nas unidades, todas as pessoas têm a temperatura aferida e o indivíduo que estiver com 37,5 graus ou mais é orientado o retorno para casa, segundo a secretaria.
Conforme a pasta, estudantes e servidores devem lavar as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool em gel 70% ao entrar na escola. É obrigatório o uso de máscara de tecido dentro da escola. Os servidores devem utilizar, além da máscara de tecido, o face shield (protetor de face) durante sua jornada laboral presencial. Dentro das salas de aula, os alunos devem manter o distanciamento de 1,5 metro.
“Para garantir o retorno seguro e gradual das escolas da rede estadual, a Secretaria Estadual da Educação adquiriu equipamentos de segurança como 12 milhões de máscaras de tecido, 440 mil face shields, 367 mil litros de álcool em gel, 10.740 termômetros, 221 milhões de litros de sabonete líquido, 100 mil rolos de papel toalha, 1,8 milhão de rolos de papel higiênico, e 78 milhões de copos descartáveis”, explicou o Estado.
Além disso, a secretaria informou que repassou R$ 700 milhões por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) para que as escolas tenham agilidade para executar recursos durante o ano de acordo com sua realidade específica. Desse montante, R$ 50 milhões são exclusivos para ações de enfrentamento à Covid-19.
No dia 22 de dezembro do ano passado, a Seduc-SP lançou o Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para Covid-19 (Simed), para registrar casos suspeitos e confirmados de Covid-19 entre alunos, professores e funcionários. Para garantir a segurança e privacidade dos dados, o Simed foi desenvolvido dentro da Plataforma da Secretaria Digital, cujo acesso é restrito aos profissionais cadastrados nas escolas, diretorias de ensino e Seduc-SP. Os dados são consolidados e disponibilizados em um painel de monitoramento dinâmico desenvolvido pela equipe da Seduc-SP, conforme a pasta estadual.
Um estudo financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e desenvolvido por pesquisadores do Center for Child Well-Being and Development (CCWD) – um centro de pesquisa da Universidade de Zurique, na Suíça –, em parceria com a Seduc-SP, aponta que a reabertura das escolas para atividades presenciais facultativas no estado de São Paulo, no ano passado, não aumentou o número de casos nem de mortes por Covid-19, conforme a secretaria.
Desde o dia 8 de setembro de 2020, das 5,1 mil escolas da rede estadual, aproximadamente 1,8 mil retomaram com as atividades presenciais, atendendo cerca de 1,7 milhão de estudantes do total de 3,5 milhões.
A análise foi feita nas 131 cidades paulistas que reabriram as escolas entre os meses de outubro e dezembro de 2020, de forma gradual e facultativa. Para chegar ao resultado, os pesquisadores compararam como essas medidas evoluíram entre municípios que reabriram as escolas e os demais, antes e depois do retorno das atividades presenciais.
O resultado mostrou que a reabertura das escolas não aumentou a incidência nem a mortalidade de Covid-19 em média, até 12 semanas após o retorno das atividades presenciais. O mesmo ocorreu nas cidades mais pobres, naquelas com escolas com algum déficit na infraestrutura, com maior participação de população acima de 65 anos, ou com maior severidade da pandemia antes da reabertura.
O estudo, entretanto, não descarta que as escolas possam ser pontos de atenção para a transmissão da doença, mas assegura, que com a adoção de protocolos rígidos e frequência controlada, elas não contribuíram para aumentar casos e mortes relacionados à doença, segundo o Estado.
Para os pesquisadores, isso aconteceu não apenas porque a comunidade escolar tipicamente representa apenas uma parcela pequena da população municipal, mas também porque a reabertura das escolas não impactou a mobilidade local.
Rede municipal
Também em nota ao G1, a Prefeitura de Presidente Prudente, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informou que a previsão de início do ensino híbrido, a partir de 3 de maio, está sujeita a modificações dependendo das orientações das autoridades de saúde, conforme o cenário epidemiológico do município.
“A pasta está à disposição do referido conselho para dialogar e encontrar as soluções mais adequadas para o andamento do ano letivo”, finalizou o Poder Executivo.
Rede particular
O G1 solicitou um posicionamento para o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp) sobre as medidas de segurança que estão sendo adotadas para o retorno das aulas presenciais, mas não obteve resposta até o momento desta publicação.
Por Wellington Roberto, G1 Presidente Prudente
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