O rosto feminino na linha de frente do combate à Covid-19


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O rosto feminino na linha de frente do combate à Covid-19

Nesta edição em comemoração ao Dia da Mulher, te convido conhecer a história de três personagens que não deixaram de lado o amor pela profissão e atuam com maestria neste período de crise pandêmica

“Mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo a marca Maria, Maria, mistura a dor e a alegria”, diz o trecho da canção de Milton Nascimento e Fernando Brant que traduziu a força da mulher brasileira. Nesta edição especial em comemoração ao Dia da Mulher – lembrado amanhã -, eu te convido conhecer a história de três personagens que não deixaram de lado o amor pela profissão e atuam com maestria na linha de frente do combate ao Covid-19.

A médica intensivista do HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo de Presidente Prudente, Danielle Penha Dassi, 32 anos, que também atua como coordenadora técnica da UTI-Covid-19 (Unidade de Terapia Intensiva – Covid-19) na unidade, está na linha de frente do tratamento dos pacientes que evoluem com a forma grave da doença, e que necessitam de ventilação mecânica e cuidados intensivos.

Vivenciado de perto a atual crise pandêmica, ela explica que a doença veio de uma forma avassaladora, alterando o ritmo e qualidade de vida do ser humano. “Percebo que a falta de contato físico dos pacientes contaminados com seus familiares têm sido um dos maiores desafios”, explica.

Ela reforça que ser mulher na linha de frente é poder usar da delicadeza para consolar, acolher e cuidar do paciente de forma humanizada. “Nós, mulheres, com o passar dos anos aprendemos a conquistar o nosso espaço através de nossas qualidades e competências. A sabedoria de compreender a dor do outro em momentos tão delicados, se faz essencial para o melhor tratamento dos pacientes. Compreender as necessidades do próximo e protegê-lo faz parte do instinto de cada uma de nós”, reforça a médica.

A rotina de trabalho, portanto, tornou-se ainda mais intensa com a pandemia, assim como para todos os outros profissionais da área da saúde. Segundo Danielle, o momento ainda é cheio de incertezas, porém, também instiga a um período de reflexão sobre alguns valores da vida, como a importância de um abraço e até mesmo dos encontros com pessoas queridas. “E, nesse momento, cabe a mim agir como diria Adib Jatene: ‘a função do médico é curar. Quando ele não pode curar, precisa aliviar. E quando não pode curar e nem aliviar, precisa confortar. O médico precisa ser especialista em gente’”.

Danielle é coordenadora técnica da UTI-Covid-19 do Hospital Regional

PAULA FRANZINI

Outra profissional que também atua na UTI-Covid-19 do Hospital Regional de Prudente é a enfermeira intensivista, Paula Moreira Campos Franzini, 27 anos. Na linha de frente desde a implantação da ala em abril do ano passado, ela reforça que o maior desafio foi lidar com o emocional, pois no começo da pandemia tudo ainda era muito incerto. “Tivemos que nos distanciar e nos isolar dos familiares e amigos de uma maneira muito abrupta”, relembra. Hoje, ela explica que os profissionais têm uma rotina mais intensa de trabalho na assistência aos pacientes que estão na UTI-Covid e necessitam de cuidados redobrados, mas desde o início foram preparados psicologicamente para atuarem no setor.

Paula atua como enfermeira na UTI-Covid-19 do Hospital Regional – Foto: Cedida/ AI Hospital Regional

Na unidade de terapia intensiva do novo coronavírus, ela diz que parte da equipe multiprofissional é composta por mulheres e vê que elas têm um olhar diferenciado na assistência em saúde. “A equipe feminina age com empatia, sempre se colocando no lugar do outro. Aqui, no atual momento de pandemia, nós mulheres estamos trabalhando de forma ainda mais unida e integrada. Ficamos mais atentas e temos um cuidado redobrado com aqueles que precisam da nossa ajuda para sobreviver”, explica.

Dentre os inúmeros pacientes que já passaram pela unidade, ela relata uma situação que chamou muito sua atenção. Uma paciente foi retirada da ventilação mecânica e a primeira coisa que ela perguntou para a equipe foi sobre a família dela. Para acalmá-la, as profissionais escreveram um recado com o que ela pedia, a fim de mostrar para os familiares no momento do boletim médico: “[Ela queria dizer] que estava bem, que os amava e logo sairia dali”, pediu a paciente. “Foi muito emocionante para todos nós redigir aquilo, pois sabemos que é um grande desafio para os pacientes ficarem um bom tempo longe dos familiares, por isso, humanizamos nossa assistência. Assim, eles se sentem acolhidos e com mais esperança”, afirma Paula.

CÁSSIA FIGUEREDO

A enfermeira do pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, Cássia Regina Silva Figueredo, 38 anos, é outra personagem de muita garra que atua na linha de frente do combate a Covid-19. Neste período em que mundo vive um colapso de saúde, ela continuou vestindo o jaleco e salvando vidas.

Cássia atua no pronto-socorro da Santa Casa de Misericórdia de Prudente – Cedida/ AI Santa Casa de Prudente

O principal desafio, segundo ela, foi o medo da contaminação, uma vez que o pronto-socorro é a porta de entrada dos pacientes e serve de apoio para coleta de exames, internações ou mesmo procedimentos mais graves que evoluem para uma intubação. No entanto, mesmo com o medo assolando, Cássia diz que nunca pensou em desistir, pois acredita, que, assim que adentra ao hospital tem o compromisso de salvar vidas. “Eu estou aqui no hospital e o hospital e as pessoas precisam de mim. Essa profissão me escolheu e eu faço tudo com muito respeito e carinho”, frisa.

E força foi o que não faltou por parte da enfermeira. Em situações de caos ela já chegou realizar 30 swab (teste de diagnóstico para a Covid-19) por dia, além de inúmeros procedimentos que visam à saúde do paciente contaminado, mas no final do seu plantão tinha a melhor sensação do mundo, a de dever cumprido. “Isso me fez crescer como pessoa, valorizar a vida, a família e agradecer todos os dias por estar vida. Hoje, me sinto mais forte”, diz.  

Neste período de pandemia, Cassia relata que precisou de forças para dar a algumas famílias uma notícia de morte, mas também foi com muita alegria que informou que determinado paciente estava recebendo alta e que já podia retornar para o seu leito familiar. “Quando a gente se despede de alguém que se recuperou é impossível não ser emocionar. A gente cuida como se fosse alguém da nossa família e zela mesmo não conhecendo a pessoa. Ver alguém saindo com vida e bem do hospital é uma emoção incrível. Cumprimos a nossa missão ao salvar aquela vida”, pontua a enfermeira.

É válido ressaltar que as três profissionais recebem toda a paramentação necessária para proteção pessoal e seguiram à risca todos os protocolos de segurança adotados pelas unidades de saúde.

E você já aplaudiu uma mulher hoje? Te convido a levar uma corrente de aplausos onde quer que você esteja, mas não tem que deixar para mais tarde não, tem que ser agora. Afinal, “quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida”. Desejamos um feliz Dia da Mulher para todas as Cássias, Danielles, Paulas e Marias brasileiras. 

Fonte: O Imparcial

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