Enem 2024: estudantes da região comentam sobre tema da redação


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Enem 2024: estudantes da região comentam sobre tema da redação

Para professores e alunos ouvidos pela reportagem, tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil” é de extrema importância

Mais de 3,15 milhões de estudantes, segundo dados preliminares do MEC (Ministério da Educação), participaram da primeira etapa do Enem 2024 (Exame Nacional do Ensino Médio), aplicada neste domingo (3). A reportagem conversou com alguns estudantes que fizeram a prova e também com alguns professores sobre a avaliação em geral, e sobre o tema da redação deste ano, que foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. As respostas foram unânimes sobre a importância deste tema.

Para a estudante Barbara Vasconcelos Toledo, 17 anos, aluna do Colégio SP Mackenzie, o Enem, além de ser uma prova que apresenta uma complexidade de temas do ensino em geral, aborda assuntos com pautas interessantes dentro da sociedade. “O tema proposto neste Enem de 2024 é de extrema importância, devido à história do nosso país, onde assim podemos compreender e reconhecer as contribuições culturais, históricas e sociais dos povos africanos, o que é parte essencial para valorizarmos, devido à construção de toda a nossa história”.

Em seu primeiro ano realizando o Enem, Barbara diz que as questões apresentaram algumas dificuldades, exigindo maior nível de interpretação e de conhecimento anterior do ensino escolar. “Para o próximo domingo, quero estar mais confiante para as questões de Matemática e Ciências da Natureza, e desejar um bom segundo dia de prova para todos que estão vivenciando este momento de ‘vestibular’”.

Já o estudante Miguel Caravina de Freitas Gulim, 18 anos, que é aluno do Colégio Objetivo Gênesis, de Álvares Machado, achou a prova “muito boa, com questões bem distribuídas e o tema da redação extremamente importante”. “Achei que a prova não estava difícil, mas muito extensa. Para o próximo domingo espero ir bem, pois exatas não é meu forte”, afirma Miguel.

Maria Carolina de Oliveira Drape, 18 anos, que é aluna da Escola Sesi, compartilha seu ponto de vista sobre a prova. “Gostei do tema da redação, tinha bastante assunto para discorrer. A prova no geral foi tranquila, mas com um certo grau de dificuldade e bem cansativa, foram bem poucas imagens neste ano e muito texto”.

Na opinião da Maria Carolina, este ano caíram muitas questões de Filosofia e pouco conteúdo de História e Geografia. Para a segunda etapa do Enem, ela espera que seja mais tranquila. “O que eu acho mais difícil é a parte da resistência da prova de exatas, mas espero que seja mais prática e tranquila”, comenta.

Semelhanças

O professor de redação do Esquema Único/Poliedro, de Prudente, Vinícius Victor Venturin, disse que a maior surpresa do tema da redação foi a semelhança entre o eixo de duas edições – a de 2024 – “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil” e de 2022 – “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais”. “O fato das duas propostas desfrutarem das palavras ‘desafios’ e ‘valorização’, chamou bastante a atenção do público. Todavia, essas semelhanças não foram ruins, posto que os alunos já possuíam repertório sociocultural a respeito da temática. Vale ressaltar, que o repertório dos discentes dão formato ao texto. O estudante que lembrou de todo conteúdo assimilado ao longo dos anos ficou longe de qualquer confusão com a proposta”.

O professor Vinícius afirma ainda que, por ser um eixo temático conhecido, principalmente por quem acompanha o Enem, não houve grandes obstáculos a respeito do tema. “Saliento que o repertório não é construído apenas a partir da abordagem do professor/instituição, mas também do interesse do aluno, através de livros, filmes, séries, músicas e estudos de outras disciplinas escolares, como História, Sociologia, Literatura, Atualidades, por exemplo”.
Para ele, o tema proposto é atual e essencial. “A sociedade contemporânea brasileira é amparada, também, pela vasta cultura africana, seja culinária, música, dança, religião, folclore ou a própria língua. Argumentar sobre os desafios para a valorização da herança africana no Brasil é, similarmente, defender nossas raízes culturais, que, por vezes, foi ofuscada pelo eurocentrismo”.

Para o professor de História, Gunter da Costa Silva, do Esquema Único de Prudente e de Marília, o tema da redação não causou nenhuma surpresa aos alunos, que fizeram várias redações sobre a temática. “Os professores trabalharam em sala de aula com debates e comentários, então, eles [alunos] tiveram argumentos para redigir sobre esse tema extremamente importante e atual, que é valorizar a ancestralidade africana, o conhecimento africano, que, muitas vezes, acaba sendo ocultado pela estrutura eurocentrada que nós vivemos”, afirmou Gunter.

O professor de História diz que o tema pode ter gerado alguma polêmica, pois o Brasil é um país grande, de inúmeras formações e com várias questões ideológicas. “Acredito que o tema nem seja tão polêmico assim, mas qualquer polêmica que apareça é muito mais por questão ideológica, por posicionamento, é mais fruto de uma ignorância do que de conhecimento. De pessoas que não sabem a importância da ancestralidade africana para a própria formação da sociedade brasileira e para o próprio indivíduo negro brasileiro na formação da sua identidade”. 

SAIBA MAIS

O segundo dia de provas do Enem 2024 será no próximo domingo (10). Nesse dia, os participantes fazem as provas de Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias. São 45 questões em cada área do conhecimento. Segundo o Ministério da Educação, os portões abrem ao meio-dia e fecham a uma hora da tarde, no horário de Brasília. O tempo de prova será de 5 horas, terminando às 18h30.

Fonte: O Imparcial

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