Em quantos dias vacina da Pfizer contra covid começa a fazer efeito?
Os primeiros vacinados contra a covid-19 no Reino Unido a partir desta terça-feira (8) ainda terão que esperar algumas semanas até que possam se dizer protegidos.
Isto porque a vacina utilizada pelo governo britânico, da Pfizer/BioNTech, requer duas doses para atingir o nível de anticorpos desejável.
Mesmo assim, pode ser comparada a outras vacinas tradicionais, em que o nível ideal de defesa do corpo é atingido 28 dias após a primeira dose.
Entretanto, cerca de uma semana após a primeira dose, o organismo já começa a produzir anticorpos neutralizantes contra o coronavírus, explica o investigador principal do estudo da vacina da Pfizer/BioNTech no Brasil, o médico Cristiano Zerbini, do Cepic (Centro Paulista de Investigação Clínica).
“A produção de anticorpos começa logo, mais ou menos uma semana [após a vacinação] você começa a fazer anticorpos. Na primeira, você faz IgM, que são a primeira resposta a uma infecção. Depois, lá pelo 21º dia, o IgM começa a cair, e aumenta o IgG, que são os anticorpos que a gente espera que fiquem por um longo prazo. […] No caso da Pfizer, você tem um aumento exponencial [de anticorpos], porque toma a segunda vacina com 21 dias.”
O pesquisador acrescenta que, se eventualmente, uma pessoa vacinada for exposta ao coronavírus causador da covid-19 (SARS-CoV-2) antes da segunda dose, a chance de desenvolver um quadro mais grave da doença é reduzida, já que ela desenvolveu um certo nível de defesa.
“Se você tomar a a primeira vacina e tiver contato com o vírus, estará pelo menos parcialmente protegido. Algumas pessoas já estarão [protegidas], mas varia bastante, inclusive de acordo com a idade.”
A vacina da Pfizer, desenvolvida em parceria com a empresa alemã BioNTech, obteve autorização para uso emergencial no Reino Unido no último dia 2 — duas semanas após as fabricantes anunciarem que os estudos de fase 3, com mais de 43,5 mil voluntários, apontam 95% de eficácia do produto.
“Os anticorpos IgG neutralizantes, aqueles que a gente quer que sejam produzidos, quando se comparou quem tomou a vacina com quem teve a doença, os anticorpos de quem tomou a vacina atingiram mais ou menos 1,9 a 4,6 vezes o número de anticorpos do soros convalescentes [pacientes recuperados da covid-19].”
Zerbini diz que as conclusões serão publicadas nos próximos dias no NEJM (The New England Journal of Medicine), uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo.
“Os dados da fase 3 do estudo da Pfizer vão ser publicados logo em uma revista muito importante. Todo mundo vai ter chance de ver como a vacina se comportou. Vai ser o primeiro estudo de fase 3 de uma vacina contra covid publicado no mundo.”
Em estudos no Brasil
No Brasil, o Cepic coordena os estudos da fase 3, que envolvem cerca de 3.000 voluntários. Todos eles já receberam a segunda dose, sem que qualquer evento adverso grave tenha sido registrado.
Dor no local da injeção e fadiga estão entre os efeitos mais relatados, mas que desaparecem algumas horas depois, segundo o médico. Todos serão acompanhados pelo período de dois anos.
A publicação dos resultados da fase 3 de testes no NEJM também será mais um passo no processo de registro da vacina no Brasil, junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A empresa mantém o pedido de registro sanitário, que é um pouco mais demorado do que a autorização para uso emergencial, mas permite, uma vez aprovado, o uso em massa e comercialização do imunizante.
Vacinas que forem liberadas pela autorização de uso emergencial devem ser exclusivamente de uso do SUS (Sistema Único de Saúde), que determinará grupos específicos para receber as doses.
Ministério da Saúde não fechou compra
Diferente de outros países da América Latina — México, Panamá, Costa Rica, Equador, Peru e Chile —, o Brasil não fechou um acordo de compra da vacina da Pfizer/BioNTech.
O principal argumento alegado pelo Ministério da Saúde para deixar de fora o primeiro imunizante a ser aprovado para uso é a baixa temperatura de armazenamento: -75°C.
Entretanto, a Pfizer desenvolveu e fornece uma caixa especial, com gelo seco, capaz de manter 5.000 doses da vacina na temperatura ultrabaixa por até 15 dias.
“Quando chega no local da vacinação, a vacina pode ser retirada da caixa e colocada em um refrigerador normal entre 2°C e 8°C por até cinco dias. Dá para transportar para qualquer lugar do Brasil”, observa Zerbini.
Fonte R7
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