Em menos de um mês, 2ª tartaruga de espécie que tem a mordida mais forte do que a de um leão é recolhida em Presidente Prudente
Entrega espontânea do réptil, que é originário das Américas do Norte e Central, foi feita nesta quarta-feira (22) à Polícia Militar Ambiental. Responsável disse que havia ganhado o animal de uma pessoa que já morreu.
A Polícia Militar Ambiental recolheu uma tartaruga-mordedora (Chelydra serpentina) em Presidente Prudente (SP), nesta quarta-feira (22). Em menos de um mês, é o segundo réptil da mesma espécie, que é originária das Américas do Norte e Central e que tem a mordida mais forte do que a de um leão, encontrada na cidade.
O capitão da Polícia Ambiental Júlio César Cacciari de Moura afirmou ao g1 que um homem entrou em contato com a corporação para fazer a entrega voluntária do bicho.
“Esse cidadão verificou a importância de entregar esse animal e resolveu fazer essa entrega espontânea, que não gera responsabilização”, afirmou o oficial.
A tartaruga era mantida em cativeiro em uma chácara próxima ao Rancho Quarto de Milha, na zona sul de Presidente Prudente.
“O responsável pela entrega informou que não tinha conhecimento sobre a origem do animal e que havia ganhado a tartaruga de um homem que, segundo ele informou e nós estamos averiguando, já faleceu. Diante dessa linha de investigação, nós estamos verificando se há outras tartarugas doadas por essa pessoa, ou vendidas por ela também”, explicou o capitão.
A polícia estima que a tartaruga tem aproximadamente de sete a oito anos de idade.
“Ele contou que ganhou filhote e, sempre com essa característica de bastante agressividade, nunca ficou solta. Os animais têm agressividade diferente. Hoje, já bastante alimentada, ela já está bem tranquila, mas é um animal que tem agressividade maior do que a outra que foi capturada no mês passado e que tem um tamanho mais expressivo. Ele disse que ela era alimentada com ração de peixe. Esse é um animal que pode comer insetos, serpentes na natureza, plantas. É um animal com uma dieta bastante variada”, detalhou Moura.
Moura pontuou que um dos motivos que levou à entrega espontânea foi a repercussão do encontro de outra tartaruga da mesma espécie no fim do mês passado na cidade.
“A importância da divulgação dos crimes ambientais consiste nisso também, de levar conscientização, levar a uma educação e a mudança de comportamento, que é fundamental”, destacou.
A Polícia Ambiental vai averiguar se há relação entre as duas tartarugas-mordedoras, já que elas estavam na mesma região da cidade e em localidades próximas, a uma distância de aproximadamente 6 quilômetros.
Com o recolhimento do animal, a próxima etapa é encontrar um local apto para receber a tartaruga.
“Estamos verificando a disponibilidade de locais aptos a receber esse animal. A Cidade da Criança é um desses locais que nós estamos verificando a possibilidade de comportar. Num primeiro momento, não vai ser colocado com outro animal da mesma espécie, há uma necessidade de averiguar a adequação. Porém, provavelmente, ela seja encaminhada para a Cidade da Criança”, frisou o capitão.
Moura enfatizou que é importante as pessoas terem a consciência de que a posse de animais silvestres, quando não são comprados de um vendedor legalizado, configura infração ambiental e até mesmo crime.
“A entrega voluntária de animais, a entrega espontânea dos animais, isenta a pessoa dessa responsabilização, isso está previsto em lei. Educação ambiental é fundamental para garantirmos um ambiente equilibrado”, finalizou ao g1.
A primeira
No dia 26 de agosto, uma tartaruga-mordedora foi localizada em uma estrada rural próximo à represa do Rio Santo Anastácio, em Presidente Prudente. Até então não havia registro da presença do réptil no Oeste Paulista.
Inicialmente, foi divulgado pela Polícia Ambiental que se tratava de uma tartaruga-aligátor (Macrochelys temminckii). Mas, após a avaliação do animal, a polícia concluiu que era, na verdade, uma tartaruga-mordedora (Chelydra serpentina). Tanto a aligátor quanto a mordedora são espécies originárias das Américas do Norte e Central.
O que chama a atenção sobre as duas espécies é a força de sua mordida, que pode ultrapassar o impacto de 600 quilos, em ambos os casos, ou seja, tanto da aligátor quanto da mordedora, segundo a polícia, enquanto a de um leão gira em torno dos 400 quilos.
A tartaruga-mordedora, que pode chegar aos 35 quilos, é onívora, ovípara e semiaquática.
A primeira recolhida pela Polícia Ambiental tem cerca de 10 quilos.
Quem encontrou o animal foi o estudante João Pedro Rodrigues Paes, de 20 anos. Ele relatou ao g1 que estava indo para a chácara da família quando viu a tartaruga na beira de uma estrada de terra.
“Fiquei com dó e parei o carro para evitar que alguém atropelasse a tartaruga. Liguei para a Polícia Militar e para a Polícia Ambiental. Inicialmente, acharam que era um jabuti e que era para deixar o bicho no local. Mas eu sei como é um jabuti”, falou Paes.
Ele teve a ajuda de um outro homem para colocar o réptil no próprio carro e levar o animal até a Polícia Ambiental.
“Parecia dócil. Eu até fiz carinho na tartaruga sem saber que era brava. Ela estava bem calma. Só ficou mais agitada depois que o senhor a levantou e a colocou de volta no chão. Tanto que, na foto que eu tirei, ela está com a boca aberta”, lembrou.
Somente quando chegou à base da Polícia Ambiental que ele soube que não era um bicho indefeso.
“Lá que me falaram que era um animal perigoso e que, se ela me mordesse, deceparia o meu dedo. Eu encostei pensando que era dócil, que era um animal perdido, nunca pensei que era perigoso”, destacou.
Entretanto, ele só descobriu qual era a espécie da tartaruga com a repercussão do caso.
“Eu descobri quando li no g1, fiquei impressionado e pensei: ‘Nossa, não acredito que passei a mão. Estou feliz que ainda tenho os cinco dedos da mão com que fiz o carinho”, brincou.
Essa primeira tartaruga-moradora está no zoológico do Parque Ecológico da Cidade da Criança, em Presidente Prudente, e foi colocada em quarentena, período em que as equipes de profissionais que trabalham no local verificam se ela vai apresentar algum tipo de doença.
Um local para abrigar o animal está sendo preparado e o réptil deve ser colocado para exibição ao público visitante no zoológico.
Fonte: G1
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