Em 19 anos, vetor da leishmaniose é encontrado em 77,8% das cidades da região


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Em 19 anos, vetor da leishmaniose é encontrado em 77,8% das cidades da região

Em 69% delas, havia cães infectados e, em 42,2%, humanos contaminados, com 537 indivíduos notificados com a doença

De 2000 a 2018, o mosquito-palha, vetor da leishmaniose visceral, foi encontrado em 77,8% dos municípios da área do DRS-11 (Departamento Regional de Saúde), sendo que, em 69%, havia cães infectados e, em 42,2%, humanos infectados, com 537 indivíduos notificados com a doença.

A dispersão ocorreu do epicentro Dracena, na região norte, para Teodoro Sampaio, no sul, onde o mosquito-palha e cães infectados foram encontrados em 2010 e pessoas com a doença em 2018. No oeste paulista, há uma complexa gama de fatores socioeconômicos (como pobreza e falta de controle de cães doentes) e ambientais (como rodovias, desmatamento, aumento de temperatura e rios e lagos artificiais) que podem estar alimentando a epidemia e sustentando a transmissão endêmica da leishmaniose visceral.

Os resultados fazem parte de um estudo científico sobre a disseminação da doença na região, que obtém repercussão internacional com a publicação do artigo “Casos e distribuição de leishmaniose visceral no oeste de São Paulo: uma doença negligenciada nesta região do Brasil” por uma das mais importantes revistas científicas de epidemiologia do mundo, com alto fator de impacto e grande visibilidade: a Plos Neglected Tropical Diseases.

Conforme o orientador da pesquisa, o médico infectologista Luiz Euribel Prestes Carneiro, a publicação em revistas como essa coloca em evidência a nível mundial não só a região do oeste paulista, mas os pesquisadores e suas instituições, dentre as quais está a Unoeste (Universidade do Oeste Paulista). Os resultados encontrados servem para orientar políticas públicas de prevenção e combate à doença.

A pesquisa, da qual foi extraído o artigo, foi motivada pelo fato de que a leishmaniose visceral é uma das doenças parasitárias mais prevalentes em todo o mundo; e que, se não diagnosticada e tratada precocemente, pode levar à morte. Em 2019, do total de casos na América Latina, 97% foram notificados no Brasil. No Estado de São Paulo, atualmente 17,6% das pessoas infectadas vivem na região oeste.

É considerada uma doença negligenciada por não ser priorizada por autoridades sanitárias e pela população, de acordo como Luiz Euribel. Para entender como essa doença vem se espalhando rapidamente no oeste paulista, foi estudada a sua disseminação em 45 municípios do DRS-11.

Teodoro Sampaio

No estudo, foram descritos os casos humanos; cães infectados; a presença do mosquito-palha (vetor) e sua relação com fatores ambientais como temperatura, rodovias, lagos artificiais, rede hidrográfica, desmatamento e fatores socioeconômicos como IDH (Índice de Desenvolvimento Humano); incluindo ainda a presença de CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) nos municípios. Em escala local, foi determinada a disseminação da doença em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, região que está entre as mais pobres do Estado. Na cidade, foi feita a coleta domiciliar do mosquito-palha, o levantamento de cães infectados e um inquérito sorológico entre moradores da cidade para determinar a prevalência de casos humanos.

Envolvidos na pesquisa

O estudo fez parte da dissertação de mestrado no PPGMadre (Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional), produzida pela professora da Faculdade de Medicina da Unoeste, Regiane Soares Santana, com orientação do professor Luiz Euribel, que também atua no mestrado em Ciências da Saúde e no curso de Medicina, pelo qual esteve envolvida em iniciação científica a aluna Karina Briguenti Souza.

Ainda pela Unoeste, estiveram envolvidos o professor da Faculdade de Informática, Francisco Assis Silva, e a publicitária Fernanda Lussari, do Departamento de Marketing. Dentre os colaboradores, esteve Elivelton Silva Fonseca, da Universidade Federal de Uberlândia, e que já atuou no PPGMadre.

Outros colaboradores foram a enfermeira Cristiane Oliveira Andrade, do Departamento de Vigilância Epidemiológica, e a farmacêutica Marcia Mitiko Kaihara Meidas, do Laboratório Bioclínico de Teodoro Sampaio; a diretora científica do IAL (Instituto Adolfo Lutz) em Prudente, Lourdes Aparecida Zampieri D’Andrea; o professor Edilson Ferreira Flores, da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista); e a diretora da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) em Prudente, Ivete Rocha Anjolete.

Fonte: O Imparcial

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