Coragem e empoderamento são instrumentos usados por médicas na linha de frente da batalha contra a Covid-19


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Coragem e empoderamento são instrumentos usados por médicas na linha de frente da batalha contra a Covid-19

Quando optaram pela medicina, elas tinham noção de que, em alguns momentos, o medo seria generalizado. No entanto, ao mesmo tempo, estavam cientes de que a profissão não dá margem a recusas. Diante da pandemia do novo coronavírus, as mulheres, que são grande parte dos profissionais atuantes na linha de frente da batalha contra a Covid-19, provam diariamente que tudo vai além de apenas ir ao trabalho: é mais do que isso, é necessário seguir na ativa, sem esmorecer.

O que as difere dos outros profissionais é a habilidade de conciliar competência com delicadeza, acolhimento e o cuidado com o paciente de forma humanizada. Mas, mais do que isso, elas têm ainda a oportunidade de usar as garras que possuem para vencer qualquer desafio.

E assim tem sido a rotina das médicas Danielle Penha Dassi, de 32 anos, e Fabiana Guedes Akaki, de 35 anos, em Presidente Prudente (SP), que todos os dias se vestem de coragem e vão à luta.

Empoderamento

Danielle Penha Dassi é médica intensivista e atua como coordenadora técnica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Covid-19, no Hospital Regional (HR). A profissional está na linha de frente do tratamento dos pacientes que evoluem com a forma grave do novo coronavírus, que necessitam de ventilação mecânica e cuidados intensivos.

Danielle Penha Dassi, médica intensivista da UTI Covid no HR  — Foto: AI-HRPP
Danielle Penha Dassi, médica intensivista da UTI Covid no HR — Foto: AI-HRPP

Ao G1, Danielle disse que a pandemia veio de uma forma avassaladora, alterando o ritmo e a qualidade de vida do ser humano.

“Percebo que a falta de contato físico dos pacientes contaminados com seus familiares tem sido um dos maiores desafios. Quanto a mim, acredito que, além da missão do cuidar, exista o desafio de enfrentar o receio de contrair a Covid-19 e contaminar os meus familiares. Mas, aqui, possuímos toda a paramentação necessária para a nossa proteção”, acrescentou.

A profissional ressaltou ao G1 que ser mulher na linha de frente do combate à pandemia é poder usar a delicadeza feminina para consolar, acolher e cuidar do paciente de forma humanizada.

Porém, ao mesmo tempo, a profissional enfatiza que é também poder usar a garra para vencer a batalha em seus períodos de dificuldade.

“Nós, mulheres, com o passar dos anos aprendemos a conquistar nosso espaço, através de nossas qualidades e competências. A sabedoria do compreender a dor do outro em momentos tão delicados se faz essencial para o melhor tratamento dos pacientes. Compreender as necessidades do próximo, protegê-lo, faz parte do instinto de cada uma de nós”, disse a profissional.

Ao G1, a médica ainda falou que o maior diferencial das mulheres na batalha contra a pandemia é o empoderamento, que permite que cada uma delas seja segura e organizada e tome as melhores decisões.

Danielle Penha Dassi, médica intensivista da UTI Covid no HR  — Foto: AI-HRPP
Danielle Penha Dassi, médica intensivista da UTI Covid no HR — Foto: AI-HRPP

“Acredito que, com as nossas conquistas ao longo dos anos, o preconceito foi amenizado, porém, nunca deixou de existir. Mas, hoje, nós, mulheres, exercemos cargos de liderança com maestria”, enfatizou.

A rotina de trabalho de Danielle tornou-se bem intensa com a pandemia.

“Acho que está sendo assim para todos nós da área da saúde. Estamos num período que temos que ficar longe de nossas famílias e nos dedicar em cuidar e salvar vidas. Abdicamos de muitas coisas para honrar nosso juramento de formatura, que faz parte de nossa escolha e propósito de vida”, explicou ao G1.

O momento, que é cheio de incertezas, é encarado pela médica como um período de reflexão sobre alguns valores da vida.

“O momento ainda é cheio de incertezas, porém, nos instiga a um período de reflexão sobre alguns valores da vida, como a importância de um abraço e até mesmo dos encontros com pessoas queridas. E, nesse momento, cabe a mim agir como diria Adib Jatene [1929-2014]: ‘A função do médico é curar. Quando ele não pode curar, precisa aliviar. E quando não pode curar nem aliviar precisa confortar. O médico precisa ser especialista em gente’”, pontuou ao G1, citando o médico cardiologista que foi duas vezes ministro da Saúde, na década de 1990.

‘Ter coragem’

A médica intensivista Fabiana Guedes Akaki, que também atua na linha de frente da batalha contra a Covid-19, lidera uma equipe multiprofissional da UTI, na Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente.

Fabiana Guedes Akaki, médica intensivista da UTI Covid na Santa Casa — Foto: AI-Santa Casa
Fabiana Guedes Akaki, médica intensivista da UTI Covid na Santa Casa — Foto: AI-Santa Casa

Ao G1, a médica contou que, desde o início da pandemia, os desafios encontrados por ela, além da sobrecarga de trabalho, também são a falta de apoio e organização política, a falta de conscientização da população e a perda de tantas vidas.

Embora a questão do gênero não atrapalhe Fabiana a exercer sua profissão, ela afirmou que ser mulher na linha de frente da batalha contra a Covid-19 não é uma tarefa fácil.

“É difícil conciliar trabalho, família, casa, estudos e cuidado próprio. Alguma coisa sempre fica descuidada. É preciso ter calma, ser forte e ter coragem”, pontuou.

Sobre o cuidado com os pacientes, a médica disse ao G1 que requer de qualquer profissional um olhar humano e que isso não é inerente ao gênero.

“A mulher pode ser forte e corajosa, assim como o homem pode ser sensível e acolhedor. São características que podem ser desenvolvidas em qualquer gênero. É fundamental ser técnico, sendo primordialmente empático e humano. No entanto, graças à luta histórica das mulheres, pude escolher a profissão que quis, conquistei meu espaço e ganhei reconhecimento pelo meu trabalho”, enfatizou ao G1.

Fé e esperança de dias melhores são os principais instrumentos utilizados pela médica nesse momento.

“Como diria minha avó, não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Pode demorar, mas isso vai passar”, finalizou ao G1.

Fabiana Guedes Akaki, médica intensivista da UTI Covid na Santa Casa — Foto: AI-Santa Casa
Fabiana Guedes Akaki, médica intensivista da UTI Covid na Santa Casa — Foto: AI-Santa Casa

Fonte G1.

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