Bruno Covas é intubado em UTI após sangramento no estômago
Prefeito licenciado havia sido internado no domingo (2) após sentir efeitos adversos do tratamento contra o câncer e teve de ser transferido para a unidade de tratamento intensivo nesta segunda.
O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital Sírio-Libanês, no Centro da capital paulista, e intubado após a descoberta de um sangramento no estômago na manhã desta segunda-feira (3).
A transferência para a UTI foi decidida após um exame de endoscopia encontrar um sangramento causado por uma úlcera em cima do tumor original, na cárdia, a passagem do esôfago para o estômago. Segundo o médico David Uip, que compõe o corpo clínico que cuida do prefeito, o sangramento foi controlado pelo endoscopista. (Leia o boletim médico abaixo).
Por causa da transferência para a UTI, as sessões de quimioterapia e imunoterapia que o prefeito faria nesta segunda (3) foram suspensas e não devem acontecer nos próximos dias. A análise dos médicos é a de que esse tipo de sangramento não é desejável, mas faz parte de um quadro de tratamento pelo qual o prefeito passa atualmente.
Bruno Covas foi internado neste domingo para realizar exames de sangue, de imagens e endoscópico, com o objetivo de prosseguir o tratamento quimioterápico e imunoterápico. A endoscopia demonstrou sangramento no local do tumor inicial, que foi controlado com medidas de hemostasia local.
De acordo com um dos médicos da equipe que o atende, a intubação foi feita para proteger as vias aéreas do prefeito e evitar alguma laceração no momento da endoscopia.
Ele está sendo acompanhado pelas equipes médicas coordenadas por Prof. Dr. David Uip, Dr. Artur Katz, Dr. Tulio Eduardo Flesch Pfiffer e Prof. Dr. Roberto Kalil Filho, diz boletim médico assinado pelos diretores Fernando Ganem e Angelo Fernandez.
Internação
Por causa dos efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, Bruno Covas anunciou um pedido de afastamento do cargo por 30 dias do cargo.
Em entrevista à rádio CBN na manhã desta segunda (3), o médico David Uip afirmou que ele teve náuseas e vômitos no fim de semana, e a equipe médica optou por adiantar a internação preventivamente.
“Aumentaram o número de tumores no fígado e em outros lugares. E apareceram em dois outros locais também: na bacia e na coluna. (…) Como é um tratamento muito poderoso, você sempre trata com a efetividade do tratamento versus o efeito colateral”, disse Uip.
“Nós estamos muito atentos e preferimos que ele viesse para o hospital ontem mesmo por conta disso. De um lado, para avaliar a efetividade do tratamento, de outro, para avaliar os efeitos colaterais desse tratamento”, completou. Afastamento por 30 dias
A licença de Bruno Covas foi anunciada em comunicado publicado nas redes sociais neste domingo (2).
“Nesses últimos meses, a vida tem me apresentado enormes desafios. Tenho procurado enfrentá-los com fé, cabeça erguida e com muita determinação. (…) Nesse momento, com muita força e foco que preciso colocar na minha saúde, fica incompatível o exercício responsável de minhas funções como Prefeito de São Paulo, por isso, vou solicitar à Câmara de Vereadores uma licença do cargo pelo período de 30 dias, para me dedicar integralmente à minha recuperação”, disse Covas.
Com a decisão, o vice-prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), assumiu a gestão da cidade nesta segunda.
Na carta publicada nas redes sociais, Bruno Covas disse que confia no vice para dar continuidade ao plano de governo dele, “priorizando o combate à pandemia e seus efeitos”.
“Tenho certeza que vamos superar mais essa batalha. Assim como tenho a convicção que nosso vice Ricardo Nunes e nossa equipe de secretárias e secretários manterão a cidade no rumo certo, cumprindo nosso programa de metas e plano de governo, priorizando o combate à pandemia e seus efeitos. Fiquem bem e até breve”, escreveu Covas.
Por meio de nota, as secretarias de Governo e Comunicação da Prefeitura de São Paulo disseram que a licença vai se dar para que Bruno Covas possa ter “dedicação integral ao tratamento” e para fazer a passagem provisória de posto com “total transparência”.
“Com o surgimento de novos focos, o Prefeito de São Paulo precisará de dedicação integral ao tratamento e entende que não será compatível com as suas responsabilidades e compromisso com a cidade e os paulistanos. Diante do exposto, o ofício com o pedido de afastamento por 30 dias será enviado nesta segunda-feira, 03/05, com base nos Artigos 65 e 66 da Lei Orgânica do Município”, disse a nota.
Tratamento
Bruno Covas foi internado em 15 de abril para a realização de exames de controle, que descobriram novos focos de tumor nos ossos e no fígado. Durante a internação, ele apresentou uma piora no quadro de saúde e foi diagnosticado com líquido no abdômen e nas pleuras, tecidos que revestem os pulmões.
Drenos foram colocados para a retirada do líquido, uma suplementação nutricional também foi iniciada e Covas teve alta em 27 de abril.
‘Luta pela vida’
Em 26 de abril, Covas disse nas redes sociais que “continua a luta pela vida” e com “vontade gigante de vencer”. Em uma postagem para homenagear o filho Tomás, de 15 anos, o prefeito escreveu que vai “enfrentar, combater e vencer” a doença.
Primeiro diagnóstico em 2019
O prefeito licenciado foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com erisipela (infecção), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos) na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia.
Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos.
Covas passou por oito sessões de quimioterapia, que fizeram com que o tumor regredisse. Mas, segundo a equipe médica, não foram suficientes para vencer o câncer. Após novos exames, o prefeito iniciou o tratamento com imunoterapia.
Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais e continuar no cargo, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença.
Ele tirou uma licença de 10 dias, quando passou a ser submetido a sessões de radioterapia. Na época, estavam previstas 24 sessões de radioterapia complementares para o tratamento.
Em abril deste ano, exames apontaram novos pontos de câncer nos ossos e no fígado.
Fonte: G1
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