A violência infantil
“Apanhei muito quando era criança e estou aqui”. Frases como esta demonstram como a palmada ainda está incorporada em nossa cultura, apesar de muitas famílias considerarem este método, que muitos denominam educação, uma forma violenta.
No entanto, a banalização da violência não reside apenas aí. Ela está presente em nossa sociedade através de comportamentos individualistas, da falta de respeito e empatia, no preconceito, nos casos de impunidade, nas brigas de trânsito, no bate e boca nas redes sociais, e tantas outras formas que, muitas vezes, passam imperceptíveis aos nossos olhos ou – por que não dizer – com relativa indiferença.
Sem sombra de dúvida, a violência infantil, seja física, psicológica, sexual ou qualquer forma de negligência, é a que mais nos choca. Há muitos pais que punem os filhos de forma tão agressiva que os maus tratos resultam em lesões corporais com sequelas irreversíveis, incluindo as psicológicas e, em situações extremas, a morte. Dentre os gatilhos que acionam as reações violentas podemos citar o estresse diário, os transtornos mentais dos agressores, o uso de álcool e drogas, separações do casal, a forma de educação recebida no passado ou, até mesmo, o desconhecimento dos pais sobre o que configura abuso.
Há genitores que não conseguem lidar com os próprios problemas e transforma esta tensão interna em comportamentos violentos direcionados aos filhos fazendo-os sentir culpa e medo por parte daqueles que deveriam oferecer amor, afeto e segurança. Nem toda criança supera os traumas, o que provoca danos psicológicos como insegurança, baixa autoestima, ansiedade e quadros depressivos.
Algumas marcas são indeléveis. A violência desencadeia sentimentos de rejeição na criança que, dentre outras consequências, pode leva-la a sempre buscar no outro o reconhecimento de suas qualidades, submetendo-se aos desejos deste outro – nunca aos próprios- por receio de não ser amada.
O drama maior é que o grito de socorro nem sempre é claro. Por isso, é preciso prestar atenção aos sinais que a criança emite e que geralmente são observados pelos professores ou adultos que convivem próximos a ela. E no caso de violência psicológica, a atenção deve ser redobrada, pois é a mais difícil de ser identificada.
Educar não é tarefa fácil. Há erros e acertos. Mas o dialogo traz ótimos resultados, pois possibilita aos pais compreender o que motivou o filho a ter aquele comportamento inadequado, além de ser uma forma de conhecer o mundo interno dele e auxilia-lo a desenvolver. Não se trata aqui de tirar a autoridade dos pais e sim o autoritarismo, além de conscientiza-los a olhar os filhos de forma mais funcional, de maneira que fortaleça os princípios fundamentais do respeito e do amor.
Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga
Por Jô Alvim, Psicóloga
Fonte G1.
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